Um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Houston, em colaboração com cientistas planetários de todo o mundo, sugere que Urano possui seu próprio calor interno — um avanço que não apenas informa as futuras missões da NASA, mas também aprofunda a compreensão dos cientistas sobre sistemas planetários, incluindo processos que influenciam o clima e a evolução atmosférica da Terra.

A descoberta resolve um mistério científico de longa data sobre o gigante gasoso, uma vez que as análises observacionais feitas pela Voyager 2 em 1986 não sugeriram a presença significativa de calor interno — contradizendo a compreensão dos cientistas sobre como os gigantes gasosos se formam e evoluem.

No entanto, utilizando décadas de observações de espaçonaves e modelos computacionais, uma equipe de cientistas descobriu que Urano libera mais calor do que recebe da luz solar, afirmou Xinyue Wang, a autora principal do artigo e antiga aluna de doutorado do Departamento de Ciências da Terra e Atmosféricas da UH dentro da Faculdade de Ciências Naturais e Matemáticas.

“Isso significa que ele ainda está perdendo lentamente o calor remanescente de sua história inicial, uma peça chave para ajudarmos a entender suas origens e como mudou ao longo do tempo,” explicou ela.

O artigo foi publicado em 14 de julho na Geophysical Research Letters, uma publicação renomada da American Geophysical Union. A descoberta é consistente com um estudo independente conduzido por um grupo de pesquisa liderado pelo professor Patrick Irwin da Universidade de Oxford.

No entanto, o calor interno de Urano é mais fraco em comparação com seus outros gigantes do sistema solar, emitindo cerca de 12,5% mais calor do que absorve através da luz solar. Isso é inferior aos fluxos superiores a 100% medidos para Júpiter, Saturno e Netuno, disse Xun Jiang, coautor e professor do Departamento de Ciências da Terra e Atmosféricas.

“Do ponto de vista científico, este estudo nos ajuda a entender melhor Urano e outros gigantes gasosos. Para futuras explorações espaciais, acredito que fortalece o caso para uma missão a Urano.”

Xinyue Wang, Departamento de Ciências da Terra e Atmosféricas da UH

É incerto por que isso ocorreu, mas os pesquisadores disseram que Urano pode ter uma estrutura interna ou história evolutiva diferente em comparação com os outros gigantes gasosos.

Outro ponto notável do estudo foi que os níveis de energia de Urano também mudam com suas longas estações, que duram cerca de 20 anos. Essas mudanças sazonais são provavelmente causadas pela órbita off-center do planeta e pela inclinação de sua rotação, afirmou Wang.

Liming Li, coautor e professor do Departamento de Física da UH, disse que este estudo pode melhorar o planejamento da missão flagship da NASA para orbitar e sondar Urano, uma iniciativa classificada como a mais alta prioridade pela Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina para a década de 2023-32.

“Do ponto de vista científico, este estudo nos ajuda a entender melhor Urano e outros gigantes gasosos,” disse Wang. “Para futuras explorações espaciais, acredito que fortalece o caso para uma missão a Urano.”

Além disso, a metodologia da equipe fornece teorias e modelos testáveis que também poderiam ser aplicados para explorar a energia radiante de outros planetas dentro e além do nosso sistema solar, disse Li. Isso poderia, inclusive, impactar a inovação tecnológica e a compreensão do clima na Terra.

“Ao descobrir como Urano armazena e perde calor, ganhamos valiosos insights sobre os processos fundamentais que moldam atmosferas planetárias, sistemas meteorológicos e sistemas climáticos,” disse Li. “Essas descobertas ajudam a ampliar nossa perspectiva sobre o sistema atmosférico da Terra e os desafios das mudanças climáticas.”

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