Um estudo realizado pelo ISCTE para a APCRI – Associação Portuguesa de Capital de Risco revela que as empresas financiadas por sociedades gestoras de Private Equity e de Venture Capital movimentam, em média, 21,7 mil milhões de euros anualmente, pagando cerca de 2,2 milhões de euros de IRC por exercício.

As empresas que recebem investimentos de Private Equity e Venture Capital em Portugal geram, em média, um volume de negócios 12,3 vezes superior ao da média nacional por empresa, além de empregarem 15,1 vezes mais trabalhadores. De acordo com o estudo “Impacto do Capital de Risco em Portugal – Emprego, Crescimento e Internacionalização”, desenvolvido pela segunda vez pelo ISCTE para a APCRI, 49% do volume de negócios dessas empresas provém de exportações, o que contribui para que apresentem resultados anuais significativamente acima da média nacional.

O estudo do ISCTE será apresentado publicamente na Conferência da APCRI, que ocorrerá amanhã, dia 29 de Outubro, quarta-feira, a partir das 09:30, na sede da Cuatrecasas em Lisboa. A conferência contará com a presença do ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, na abertura, e do secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes, no encerramento.

Realizado por Paulo Viegas de Carvalho e Carlos Manuel Pinheiro, docentes e investigadores do ISCTE, o estudo enfatiza «o papel estratégico» da indústria de capital de risco «como catalisador de crescimento e como instrumento de reforço da competitividade da economia portuguesa, especialmente em contextos macroeconómicos adversos».

Contudo, os académicos apontam que «o investimento em capital de risco em Portugal representa apenas 0,053% do PIB», uma cifra que coloca o país na parte inferior da União Europeia, mas que indica um grande potencial de impacto positivo na economia nacional com o aumento desses investimentos.

«Para um Governo que fez do crescimento económico a prioridade máxima desta legislatura, é fundamental que os ministérios da Economia e das Finanças compreendam, com base em dados académicos, que há um setor que investe capital privado nas empresas portuguesas e que, por meio de sua gestão, as tornam consideravelmente maiores, mais eficientes, mais inovadoras e mais exportadoras do que a média nacional», afirma Stephan de Moraes, presidente da APCRI.

Stephan de Moraes ressalta que este setor deve ter melhores condições para investir. «Os resultados obtidos pelo ISCTE são o melhor incentivo para que o Governo implemente rapidamente duas medidas do Programa apresentado à Assembleia da República em Junho: a criação de um fundo de fundos sob gestão do Banco Português de Fomento; e incentivos a investidores institucionais, como fundos de pensões ou seguradoras, para que participem em fundos de Private Equity e de Venture Capital que invistam em empresas nacionais.»

As projeções do ISCTE indicam um volume de negócios anual de 21,7 mil milhões de euros para as empresas financiadas por capital de risco, correspondendo a 177 mil empregos. O impacto fiscal do setor é igualmente significativo: em 2023, as empresas analisadas pagaram uma média de 2,2 milhões de euros de IRC cada, «contribuindo de forma significativa para as finanças públicas», conforme enfatiza o estudo.

Média por empresa: 125 trabalhadores e 15,3 milhões por ano

Segundo os pesquisadores do ISCTE, a rotatividade do ativo e a rentabilidade das empresas participadas pelas sociedades gestoras estão «muito acima do que é observado na média nacional, demonstrando a contribuição do capital de risco para a eficiência do investimento, a sustentabilidade financeira e a criação de valor».

«O impacto desses investimentos na economia portuguesa é evidente e está alinhado com o que se observa em outros países: os investimentos em empresas por fundos de Private Equity e Venture Capital proporcionam capitalização, melhor gestão, maior escala e mais internacionalização, resultando em vendas, rendibilidades e produtividades muito superiores às que não recebem esse investimento», afirma Stephan de Moraes. «Imagine o impacto que terá na economia quando o Private Equity em Portugal alcançar o mesmo nível que tem nas economias mais desenvolvidas: será transformador», conclui o presidente da APCRI.

A capacidade das sociedades gestoras de «mobilizarem recursos significativos e fomentarem empresas com desempenho superior à média nacional evidencia o potencial transformador deste modelo de financiamento sobre o tecido empresarial português», destaca o estudo do ISCTE.

<p«Um ponto relevante do estudo é que, nas empresas apoiadas por Private Equity e Venture Capital, o EBITDA [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações] médio é de 1,5 milhões de euros, em comparação aos 200 mil euros da média nacional, ou seja, 7,5 vezes mais», afirma Stephan de Moraes.

<p«No segmento de Private Equity, o EBITDA médio é de 5 milhões de euros, 25 vezes mais do que a média nacional.» De acordo com Stephan de Moraes, «os valores apurados pelo ISCTE refletem a capacidade das empresas participadas de se recuperarem a partir de níveis iniciais baixos de rentabilidade, o que é especialmente visível no segmento de Venture Capital.»

A orientação do segmento de Private Equity para os mercados externos sugere que, segundo o ISCTE, «o capital de risco pode desempenhar um papel importante na promoção da internacionalização da economia portuguesa».

<p»Nas suas conclusões, o ISCTE é muito claro sobre a principal mudança que deve ser implementada: a elaboração de políticas de incentivos à participação de investidores institucionais privados nos fundos de investimento em empresas», afirma Stephan de Moraes. «Esses incentivos estarão alinhados, aliás, com as prioridades europeias que buscam tornar os investidores institucionais privados mais ativos no investimento em Private Equity e Venture Capital.»

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