O presidente da Câmara do Porto teceu duras críticas ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz. Numa carta enviada na quarta-feira, dia 3, Rui Moreira acusa o governante de centralismo e de “portofobia”. Tal foi dito na reação às declarações em que foi apontado como tendo tomado uma posição “absolutamente radical” sobre o projeto.
“Habituado que estou a expressões de centralismo e até de alguma ‘portofobia’ por parte de alguns governantes (…), confesso-lhe que ainda me conseguiu surpreender com as suas mais recentes declarações” referiu o autarca (via JN).
No documento, Rui Moreira rejeita a acusação de radicalismo e explica que a sua exigência passa apenas por garantir condições sólidas para a transferência do projeto do metrobus para a STCP.
“O senhor ministro poderá não saber, mas o município do Porto e os outros cinco, que são acionistas da STCP, não aceitam que o seu operador assuma esse ónus, como se fosse um cheque em branco a um projeto complexo, que tarde em ser concluído, e cuja exequibilidade técnica e operacional está por comprovar” – disse o presidente da Câmara.
“O poder político do Porto não se verga”
Em final de mandato, Rui Moreira afirma que não vê “grande utilidade” em ser alvo de ataques políticos. Acredita ainda que quem lhe suceder “terá o mesmo entusiasmo na defesa dos interesses da cidade e não terá medo de ser apontado como força de bloqueio quando estes estejam em risco”.
“Não é de hoje e será assim amanhã: ao contrário das outras cidades, o poder político do Porto não se verga, não se acomoda nem obedece aos ditames do poder central”, sublinha.
Recorde-se que Miguel Pinto Luz, na terça-feira, defendeu manter a “higiene democrática”, recusando-se a “imiscuir” no tema. O ministro garantiu que o Governo não pretende “condicionar” o debate e frisou que “não está condicionado por eleições autárquicas”.
“O Governo está impedido de resolver a questão [do metrobus] porque estamos num processo pré-eleitoral, e houve um autarca, ainda em funções [Rui Moreira], que tomou uma posição pública absolutamente radical, impedindo uma determinada prossecução” – disse o ministro.