No especial dos 15 anos da Human Resources, convidámos líderes empresariais a refletirem sobre os aspectos essenciais da liderança nos próximos 15 anos.

Por Isabel Barros, administradora executiva da MC Sonae

Onde estamos e para onde queremos ir

Estamos a viver uma transição significativa na liderança, que, embora não seja recente, tem-se intensificado nos últimos anos. Estamos a passar de um modelo hierárquico, formal e orientado para o controle, para um estilo de liderança mais humano, próximo e inclusivo. As organizações mais resilientes e inovadoras contam com líderes que inspiram, mobilizam e criam o ambiente propício para que o talento se desenvolva.

O futuro deve reforçar esta transformação: precisamos de líderes colaborativos, que sejam catalisadores de mudança e promovam o bem-estar e desenvolvimento, focados nas pessoas e com uma visão clara de impacto positivo tanto nos negócios quanto na sociedade.

A disrupção que está a obrigar à mudança

A maior disrupção que enfrentamos não é apenas tecnológica, mas humana. As mudanças nas expectativas das pessoas, o desejo de equilíbrio, significado e autenticidade no trabalho, estão a exigir uma reinvenção na maneira como lideramos. Embora a tecnologia, a inteligência artificial (IA) e a automação sirvam como aceleradores, é o fator humano que está a moldar a nova forma de liderança. Liderar hoje implica compreender realidades híbridas, equipas diversas, contextos complexos e uma nova ética de responsabilidade social. É um exercício contínuo de adaptação e flexibilidade.

Competências críticas e temas prioritários dos “líderes do futuro”

As competências mais relevantes são cada vez mais comportamentais e relacionais: escuta ativa, empatia, agilidade emocional, pensamento crítico e visão sistémica. Os líderes devem ser construtores de confiança, capazes de estabelecer relações genuínas com suas equipas. Tópicos como sustentabilidade, inclusão, bem-estar, desenvolvimento contínuo e cultura organizacional são fundamentais. Um líder que ignora esses temas está a ignorar o futuro.

O perfil de líder ideal em 2030

O líder ideal em 2030 será alguém que gera impacto com consciência, com uma visão estratégica e com um pensamento centrado na realidade das pessoas. Será um líder íntegro, curioso, disposto a aprender, e com a capacidade de mobilizar equipas diversas em contextos desafiantes. Terá coragem para tomar decisões em situações de incerteza, mas também a humildade para ouvir, aprender e co-criar. Será um facilitador de talento, um construtor de cultura e um promotor ativo da transformação.

Principais desafios a ultrapassar

Existem dois desafios principais: a rapidez da mudança e a resistência a ela. Por um lado, o mundo avança mais rapidamente do que as crenças e práticas estabelecidas nas lideranças. Transformar a liderança requer também uma mudança cultural, que leva tempo e exige consistência, investimento no desenvolvimento humano e, acima de tudo, o exemplo partilhado pelos próprios líderes.

A liderança transforma-se através da ação, da humildade e da capacidade de colocar as pessoas genuinamente no centro. Para que isso aconteça, as organizações devem criar espaço para a mudança, promover a experimentação e a aprendizagem contínua. O objetivo é transformar a cultura, e não apenas as competências, o que exige tempo, consistência e, fundamentalmente, o compromisso da alta direção.

Este artigo faz parte da matéria de capa publicada na edição de Julho (nº. 175) da Human Resources.

Disponível nas bancas e online, na versão em papel e na versão digital.

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