Por Cátia Tomás, responsável pelo Departamento de Projetos da Workwell

Nos últimos anos, a saúde e o bem-estar organizacional tornaram-se um eixo estratégico de sustentabilidade e desempenho nas organizações. As empresas perceberam que o sucesso não se baseia apenas em indicadores financeiros, mas também na forma como cuidam das pessoas que tornam esse sucesso possível. O setor privado tem avançado nessas práticas, mas é no setor público que reside a capacidade de transformar e liderar essa mudança— levando a Saúde e o Bem-estar do discurso à realidade de quem serve o país.

O setor público é o maior empregador do país e o alicerce do funcionamento da nossa sociedade. É nele que se tomam decisões que impactam o cotidiano de milhões de cidadãos e suas famílias, além de moldar a cultura laboral de várias gerações. Por isso, seu papel no futuro do bem-estar organizacional é inegável: quando o Estado cuida de seus profissionais, cria as condições para cuidar melhor da população.

No entanto, o caminho do setor público nesse tema é complexo. As limitações estruturais, que vão desde orçamentos rígidos até processos administrativos lentos, tornam a implementação de políticas de bem-estar consistentes e sustentáveis bastante desafiadora.

A falta de autonomia para implementar programas e políticas que promovem a Saúde Mental e o Bem-estar organizacional, a escassez de recursos humanos e a cultura hierárquica ainda muito presente representam obstáculos que dificultam esse avanço. Contudo, essas barreiras não podem, nem devem, anular o potencial do Estado em cuidar de seus profissionais.

Nos Wellbeing Awards, temos observado um crescimento na participação de organismos públicos. Autarquias, hospitais e ministérios começam a reconhecer a saúde mental e o bem-estar de seus colaboradores como parte de sua missão de serviço público. Esses projetos, embora muitas vezes discretos, podem impactar profundamente a cultura e o ambiente de trabalho.

Esses exemplos demonstram que o setor público está em evolução, mesmo diante de suas limitações, comprovando que o bem-estar organizacional depende, acima de tudo, de vontade, liderança e propósito.

O futuro da saúde mental e do bem-estar nas organizações públicas passa por três caminhos:

  1. Exemplo – o Estado deve liderar por meio do exemplo, integrando a saúde mental e o bem-estar no centro de seus modelos de gestão e desempenho.
  2. Regulação – cabe ao governo criar políticas e estruturas legais que incentivem todas as organizações, públicas e privadas, a investir nas pessoas.
  3. Educação – promover a literacia emocional, o autoconhecimento e a saúde mental como competências fundamentais no serviço público.

O setor público pode ser o verdadeiro catalisador de uma mudança estrutural na forma como o país compreende o trabalho e o bem-estar. Se for capaz de transformar sua própria cultura organizacional, tornando-a mais empática, humana e sustentável, estará cuidando de seus profissionais e redefinindo o que significa servir ao interesse coletivo.

Porque, no final, o bem-estar organizacional é um ato de responsabilidade social, e o setor público tem tanto a oportunidade quanto o dever de liderar essa causa.

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