Paulo Macedo, presidente executivo da CGD, indicou que «Portugal tem potencial para mais que dobrar o crescimento do PIB nos próximos 15 anos, passando dos atuais 1 a 3% para 4 a 5% ao ano».
Para atingir esse objetivo, que foi quantificado em um estudo da consultora McKinsey, é necessário superar uma série de entraves à atração de capital que persistem há anos na economia portuguesa.
Esses entraves incluem “menos burocracia”, maior “flexibilidade” no mercado de trabalho e um “ambiente fiscal mais favorável” ao investimento.
O CEO da CGD discutiu as perspectivas da economia portuguesa durante a segunda edição do Portugal Capital Markets Day 2025, que ocorre em Lisboa, organizado pela Euronext Lisbon e pela AEM – Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado.
Macedo destacou as oportunidades de investimento que surgem para o ecossistema de startups e para novas áreas tecnológicas, como a manufatura de baterias, veículos elétricos, além de investimentos em sistemas de cloud, cibersegurança e software.
«Podemos transformar Portugal em um hub de talento global, promovendo e escalando o ecossistema de startups e atraindo capital internacional para setores chave», afirmou.
Além disso, o gestor ressaltou a importância do desenvolvimento do mercado de capitais como uma condição para atrair investimentos e estabelecer uma alternativa ao financiamento bancário, que ainda é o principal meio de capitalização das empresas em Portugal.
«Temos a oportunidade, temos o momento, temos a vontade de atrair capital», declarou.
Durante o evento, Filipe Santos, diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics, apresentou o relatório “Inovação e Infraestruturas: conectando Portugal com o Futuro”, no qual argumentou sobre as vantagens comparativas de Portugal em relação a outros destinos concorrentes na atração de capital.
O ecossistema de inovação e as infraestruturas que Portugal possui, como a rede de transportes, custo de energia e telecomunicações, são fatores críticos para a captação de investimentos. Contudo, o relatório enfatiza que as verdadeiras potencialidades do crescimento econômico nacional residem, principalmente, no capital humano e na atração de talentos.
Essas vantagens também foram mencionadas por representantes dos CTT, REN e EDP, três empresas listadas na Euronext Lisbon.
No painel sobre o duplo mandato do supervisor, que envolve o desenvolvimento do mercado e a proteção do investidor, o presidente da CMVM, Luís Laginha de Sousa, afirmou que a estratégia de longo prazo da CMVM está fundamentada na crença de que o mercado de capitais «é essencial para o crescimento sustentável da economia».
Em um país como Portugal, onde há escassez de capital e o financiamento das empresas depende majoritariamente dos bancos, o presidente da CMVM acredita que «é viável utilizar melhor o mercado de capitais».
Laginha de Sousa lembrou que, em outros países, os fundos de pensão são grandes investidores no mercado de capitais, o que não se verifica em Portugal. «É fundamental fazer esse dinheiro gerar rendimento e permitir que a economia cresça para oferecer retorno ao capital. Espero ver isso concretizado», reconheceu.
Ele também destacou que «uma supervisão financeira eficaz proporciona uma base sólida para o desenvolvimento do mercado e garante a proteção dos investidores. Sem essa supervisão, torna-se mais difícil atrair investidores».
Por fim, Miguel Athayde Marques, presidente da AEM, mencionou a capacidade de Portugal, com seu ecossistema de startups, empresas unicórnio e centros de competência de multinacionais, de atrair e reter estudantes e trabalhadores qualificados do exterior.
