Ana Rita Frazão é jovem, mulher, mãe e CEO da ONE. Esta é a sua primeira experiência à frente de uma empresa, e embora enfrente muitos desafios, tem objetivos e uma estratégia bem definidos. Ela acredita que «a verdadeira capacidade de fazer uma marca crescer reside nas pessoas», mas reconhece que «ter talento não é suficiente». Por isso, valoriza a energia e a determinação para transformar ideias em realidade. A sua ambição é clara: deseja um crescimento rápido, sem perder o ADN de «startup com experiência».

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

Em janeiro de 2023, com 32 anos, Ana Rita Frazão aceitou o desafio de liderar a ONE. Tinha uma bagagem no mundo da consultoria, mas sempre sonhou em trabalhar na área da moda. A sintonia de valores com o fundador da empresa e o potencial da marca foram fatores decisivos. Na época, a equipa não estava estruturada, e Ana teve que se envolver tanto em tarefas micro como na visão macro, «recrutando bem, orientando as pessoas para que pudessem crescer com a empresa e criando uma cultura divertida que estimula a curiosidade».

É inegável o brilho em seu olhar ao falar sobre o projeto e suas conquistas, assim como o entusiasmo pelo futuro. Embora ciente de que há «um grande caminho pela frente», ela revela seus objetivos enquanto CEO da ONE: «Consolidar a internacionalização e conquistar reconhecimento em diversos países». Assumiu a liderança da ONE em janeiro de 2023, um mundo certamente diferente do qual estava acostumada…

O que a motivou mais neste desafio?
Estar à frente de uma empresa era um objetivo? Sim, é um universo bastante diferente. A consultoria me preparou para isso de várias maneiras, mas há aprendizados que só podem ser obtidos na prática.

Existem três razões principais que me levaram a aceitar este convite. A primeira foi o próprio fundador da marca, Manuel Bento de Sousa. Após muitos anos em consultoria, onde mudamos constantemente entre projetos e equipas, sentia falta de um líder com quem pudesse construir algo duradouro. Desde as primeiras conversas com o Manuel, percebi um forte alinhamento em relação aos valores das pessoas e à visão do negócio e seu potencial. Notei que teria liberdade e confiança para liderar.

A segunda razão foi o potencial da marca, tanto no aspecto criativo quanto na execução e operação. Essa energia de crescimento é extremamente motivadora e me recorda dos desafios que meus pais enfrentaram enquanto construíam seu próprio negócio.

A terceira razão se relaciona ao meu sonho de trabalhar na moda. A ONE me proporciona viver essa paixão de maneira completa, desde o aspecto criativo do produto e do marketing até as questões mais analíticas e estratégicas.

Curiosamente, não foi amor à primeira vista quando soube da oportunidade. No entanto, à medida que conheci melhor o projeto e as pessoas envolvidas, rapidamente me apaixonei.

Qual era a situação da empresa quando você chegou e o que lembra dos primeiros dias?
Nos primeiros dias, enfrentava algumas salas vazias devido à falta de funções que agora internalizamos, como marketing, design de produto e tecnologia de dados. Hoje, já estamos em um ponto em que não cabemos mais na sede e precisaremos mudar em breve…

Quais foram os principais desafios iniciais que encontrou?
A dificuldade estava em chegar a uma empresa sem uma equipe estruturada, mas isso também fazia parte do desafio que me atraiu. Nos dois primeiros meses, lancei minha primeira campanha para o Dia das Mães, desenvolvi novos produtos para o verão, revisei a política de preços devido ao aumento dos custos pós-COVID-19 e iniciei processos de recrutamento, sendo ainda eu a criar os anúncios no LinkedIn.

Pela diversidade de desafios, o foco era ter clareza sobre as prioridades e o que não poderia ser negligenciado – executar algumas tarefas sozinha, devido à falta de recursos, mas sempre mantendo a visão do todo. A consultoria foi uma escola excepcional para isso.

O principal desafio foi absorver tudo e conseguir causar impacto no primeiro ano, pois percebi que isso era fundamental para ganhar a confiança das equipes que já estavam na empresa há muito tempo e que tinham certa desconfiança em relação a um perfil jovem, que não vinha do setor.

Quais são os seus objetivos de curto e médio prazo?
Havia vários! Tinha, literalmente, uma lista de temas por tópico, com prazos e iniciativas. No curto prazo, estabeleci três grandes objetivos: recrutar e formar uma equipe, relançar e reposicionar a joalharia da ONE, e lançar uma coleção de acessórios masculinos. Apesar dos muitos obstáculos, consegui cumprir esses objetivos nos primeiros seis meses.

O que tem sido mais desafiador nesses cerca de dois anos e meio?
O principal desafio, sem dúvida, são as equipes. Recrutar bem, orientar as pessoas para que cresçam no mesmo ritmo que a empresa – especialmente complicado com nosso crescimento acelerado – e criar uma cultura divertida que estimule a curiosidade e o desenvolvimento.

Esse continua a ser o desafio principal?
Agora, o foco é consolidar os resultados, fazer com que as equipes colaborem para alcançar mais e celebrar esses resultados, enquanto aprendem sobre um setor com muitas particularidades e em um contexto de internacionalização.

Você já mencionou a importância das pessoas na estratégia do negócio…
Sim, elas desempenham um papel fundamental. Ter talento é crucial, mas não é suficiente. As pessoas precisam encaixar-se umas com as outras. A combinação de diferentes perfis, mesmo que todos sejam muito competentes, gera resultados diversos. Há quase um elemento de “orquestra” nesse processo, onde se busca entender como as “peças” se ajustam e como cada personalidade, cada insegurança e competência podem contribuir para um todo mais coeso e eficaz.

Leia a entrevista na íntegra na edição de agosto (nº. 176) da Human Resources.

Disponível nas bancas e online, na versão em papel e na versão digital.

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