Um estudo da Universidade de Washington revelou que os recrutadores frequentemente seguem as orientações de contratação de modelos de linguagem de grande escala (LLM) que apresentam viés, conforme relatado pelo HR Dive.
A combinação de inteligência artificial (IA) e recrutadores humanos está se tornando cada vez mais prevalente, conforme destacou Kyra Wilson, estudante de doutorado na Universidade de Washington e principal autora do estudo, em um comunicado à imprensa. Diante dessa realidade, Wilson informou que os pesquisadores buscaram entender como a tecnologia de IA impacta as decisões dos recrutadores. “Nossos resultados são evidentes: a menos que o viés seja flagrante, as pessoas estão dispostas a aceitar os preconceitos da IA”, disse ela.
Um relatório recente da Employ Inc. indicou que 65% dos recrutadores utilizam IA em seus processos de trabalho e 52% afirmaram que pretendem investir em novas tecnologias de recrutamento, sinalizando uma rápida adoção. Além disso, um estudo da Resume.org publicado em agosto revelou que um terço dos trabalhadores norte-americanos acredita que seus empregadores implementarão processos de contratação totalmente baseados em IA até 2026.
Nos últimos tempos, cresceu a preocupação com o viés nos processos de contratação mediado pela IA. O estudo da Universidade de Washington descobriu que, embora os participantes que usaram modelos de IA com viés severo tenham tomado decisões ligeiramente menos tendenciosas, ainda seguiram as recomendações da IA cerca de 90% das vezes. No entanto, Wilson destacou que os empregadores podem mitigar o viés adotando modelos de IA mais eficientes.
Uma outra abordagem para combater o viés pode ser a exigência de que os recrutadores façam testes de associação implícita, que ajudam a identificar preconceitos subconscientes. De acordo com a universidade, o viés diminuiu 13% entre os participantes que começaram o estudo realizando um teste desse tipo.
Aylin Caliskan, professora associada da Information School da universidade, afirma no comunicado que os cientistas que desenvolvem modelos de IA também desempenham um papel importante na redução do viés, assim como os formuladores de políticas. “As pessoas têm o poder de decisão, e isso tem um grande impacto e consequências. Não devemos perder nossa capacidade de pensamento crítico ao interagir com a IA”, alerta Caliskan. “Entretanto, não quero colocar toda a responsabilidade nas pessoas que utilizam a IA.”
