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A Cidade de Gaza está oficialmente em situação de fome, conforme anunciado por um organismo ligado à ONU nesta sexta-feira, marcando um importante reconhecimento de que a área enfrenta tal crise. O governo israelita imediatamente contestou a declaração, alegando que o relatório se baseia em análises “falsas” e “tendenciosas”.
O relatório é do Integrated Food Security Phase Classification (IPC), uma entidade apoiada pelas Nações Unidas que monitora a segurança alimentar em regiões de crise. Esta organização elevou o nível de alerta para a Fase 5, o grau mais alto em sua escala de insegurança alimentar aguda.
Particularmente, a situação de fome foi confirmada na cidade de Gaza — que abrange a cidade e regiões adjacentes. Contudo, projeta-se que as “condições catastróficas” se estendam até Deir al-Balah e Khan Younis até o final de setembro.
No relatório de 59 páginas, agora divulgado, a entidade enfatiza que a fome em Gaza é “totalmente provocada pelo homem” e pode ser “freada e revertida”. O documento alerta que “o tempo para debate e hesitação já passou; a fome está presente e se espalha rapidamente”.
Não deve haver dúvidas de que uma resposta imediata e em larga escala é necessária. Qualquer atraso adicional — mesmo que de poucos dias — resultará em um aumento inaceitável da mortalidade relacionada à fome”, destaca o relatório.
De fato, o IPC não declara formalmente um estado de fome, mas fornece a análise técnica que serve de base para que governos, organizações humanitárias e agências internacionais tomem essa posição. Criado por agências da ONU, grupos de ajuda humanitária e governos, o IPC é atualmente a principal referência utilizada pela comunidade internacional para avaliar crises alimentares.
O governo de Israel “rejeitou categoricamente”, nesta sexta-feira, as conclusões do relatório. A resposta foi emitida pela Coordenação de Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT), o organismo militar responsável pela gestão da ajuda humanitária, que classificou o relatório como “falso, baseado em dados parciais e enviesados, e em informações superficiais oriundas do Hamas, uma organização terrorista”.
O comunicado também acusa o IPC de ignorar os “esforços humanitários extensivos realizados em Gaza”. Segundo a COGAT, a classificação de fome do IPC se baseia em uma “pesquisa telefônica não publicada e em avaliações questionáveis da UNRWA — agência da ONU cujos trabalhadores estão envolvidos com o Hamas — e de ONGs locais, além de especulações sobre taxas de mortalidade que nem mesmo o Ministério da Saúde do Hamas reporta”.
Por sua vez, António Guterres, secretário-geral da ONU, considerou que este “é um falhanço da humanidade como um todo”.
“Quando parecia que já não havia palavras para descrever o inferno vivido em Gaza, surgiu mais uma: ‘fome’”, afirmou Guterres, em resposta ao relatório. Para o líder da ONU, isso representa “um desastre provocado pelo homem, um fracasso moral e um fracasso da própria humanidade”.
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