O Europeu de Hóquei em Patins de 2025 ficará na memória como um torneio de emoções intensas e contrastes marcantes. Para Portugal, a participação oscilou entre momentos de fragilidade desconcertante e exibições de grandeza que apenas uma seleção com este legado consegue protagonizar.

A ambivalência da performance lusa

A fase de grupos expôs debilidades inesperadas. Três derrotas seguidas deixaram a equipa em posição vulnerável. As dúvidas que surgiram eram muitas, sobre a consistência da preparação, a frescura física e até a clareza tática. Contudo, a narrativa virou de forma dramática: no jogo decisivo, Portugal renasceu e mostrou porque continua a ser uma potência da modalidade. Essa ambivalência — a queda e a recuperação — é, por um lado, um sinal de resiliência, mas por outro, uma preocupação séria quanto à irregularidade competitiva.

A polémica do modelo competitivo

Mais do que a montanha-russa exibicional, o torneio deixou em evidência uma questão estrutural: todas as equipas passam automaticamente aos quartos de final, independentemente da classificação na fase de grupos. Este formato, longe de premiar mérito e consistência, parece nivelar por baixo e reduzir o peso competitivo da primeira fase. Equipas que não somaram qualquer vitória tiveram a mesma oportunidade que seleções que se esforçaram por liderar o grupo.

Este facto não é simplesmente uma injustiça desportiva: é também um fator que distorce a intensidade competitiva, permitindo que a gestão de esforço e até a estratégia se tornem artificiais. A essência de uma fase de grupos deveria ser a filtragem natural dos melhores — não apenas um ritual formal para cumprir calendário.

Entre a chama e a necessidade de reforma

Portugal, com todas as suas contradições neste Europeu, mostrou o melhor e o pior de si: fragilidade inicial, porém também orgulho e coragem nas fases decisivas. Num torneio com este modelo, o problema é que as nuances da performance perdem parte do peso real. O risco é claro: banalizar a competição e relativizar o esforço de quem se prepara a sério desde o primeiro jogo.

O Hóquei em Patins precisa de evoluir também na sua estrutura competitiva. Tal como Portugal precisa de transformar irregularidade em consistência, o Europeu precisa de encontrar um formato que dê justiça e seriedade à fase de grupos. Sem meritocracia, a chama da vitória brilha menos.

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