Para comemorar 40 anos no mercado, a Robert Walters reflete sobre a evolução da busca por talentos em Portugal. Jane Bamford, Diretora Geral da Robert Walters para Espanha, Itália e Portugal, analisa os dados sobre a transformação do mercado de recrutamento em Portugal nas últimas quatro décadas e compartilha suas previsões para o futuro.

Evolução do mercado de recrutamento nas últimas décadas

Nos anos 80, o cenário laboral português era dominado por uma grande demanda por perfis ligados aos setores da indústria e da construção. Este crescimento foi impulsionado pelo desenvolvimento econômico e pela entrada de grandes empresas no país. As oportunidades de trabalho eram, em sua maioria, estáveis e a longo prazo, com uma ênfase maior em competências técnicas específicas.

Nesse período, a mobilidade profissional era restrita, pois os trabalhadores frequentemente passavam a maior parte de suas carreiras na mesma empresa ou até mesmo no mesmo departamento. A segurança no emprego e a estabilidade econômica eram valores fundamentais para os profissionais, com o crescimento da carreira sendo visto como um processo interno nas organizações.

Nos anos 90, o mercado começou a se transformar em função da globalização e do surgimento de novas tecnologias. Com a expansão internacional das empresas, surgiu uma demanda crescente por profissionais com habilidades linguísticas e a capacidade de trabalhar em ambientes multiculturais.

Nos anos 2000, a revolução tecnológica consolidou áreas como desenvolvimento de software, comércio eletrônico e serviços digitais, resultando em uma quantidade maior de vagas que buscavam perfis altamente qualificados na área de TI. Este crescimento ficou marcado como os anos áureos do setor tecnológico, que não só dominou essa década, mas também se manteve e expandiu até os dias atuais.

Por outro lado, a crise econômica global de 2008 teve um impacto significativo, gerando elevados índices de desemprego em Portugal. Muitos profissionais tiveram que se reinventar ou adquirir novas competências para se adaptarem a um ambiente cada vez mais competitivo e em constante mudança.

Situação atual do mercado laboral

Atualmente, a globalização, a digitalização e os avanços tecnológicos impulsionados pela IA transformaram completamente o panorama laboral que conhecíamos.

Um dos principais desafios atuais é o gap de competências (skill gap), que reflete um desajuste entre as habilidades exigidas pelas empresas e aquelas que os profissionais disponíveis no mercado possuem. Essa discrepância dificulta o preenchimento de certos cargos-chave em setores estratégicos para a economia portuguesa. De fato, segundo o relatório Principais tendências de talento da Robert Walters, 39% das competências-chave requeridas no mercado atual mudarão até 2030.

Para lidar com esta escassez de talento, é essencial que as empresas implementem iniciativas que facilitem a integração dos recém-formados no mercado de trabalho. Apenas por meio de programas de formação específicos e oportunidades reais de prática profissional é que os jovens poderão adquirir experiência e desenvolver as habilidades necessárias para enfrentar os desafios do futuro e ajudar no crescimento das empresas.

Quanto ao perfil dos profissionais mais procurados, os profissionais STEM são os mais valorizados, não apenas por seus conhecimentos técnicos, mas também pela sua capacidade de adaptação rápida a contextos dinâmicos e incertos.

Como será o futuro do recrutamento em Portugal

A próxima década será marcada por quatro tendências que moldarão o cenário do emprego em Portugal:

  • IA em todo lugar: A literacia em IA está rapidamente se tornando uma competência essencial para qualquer perfil qualificado e setor. De fato, atualmente 60% dos empregos nas economias avançadas estão expostos à IA.
  • Recrutamento baseado em competências: As empresas priorizarão habilidades técnicas comprovadas e soft skills em vez de títulos tradicionais ou graus acadêmicos.
  • Trabalho flexível e sem fronteiras: Com 67% dos profissionais trabalhando de casa 1 ou 2 dias por semana (Robert Walters), equipes híbridas e remotas com habilidades globais vieram para ficar.
  • Propósito e inclusão: A geração Z está moldando as expectativas laborais, com bem-estar, sustentabilidade e diversidade como prioridades centrais.

Em resumo, a próxima década do recrutamento em Portugal será caracterizada pela presença da IA, um foco nas competências e ambientes de trabalho que colocam as pessoas em primeiro lugar. Sem dúvida, as empresas que se adaptarem agora terão uma vantagem competitiva para atrair o talento do futuro.

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