Assumindo a postura de uma organização que aprende, a MC investe em um ecossistema educacional abrangente que combina tecnologia, empatia e liderança, preparando suas equipes para o futuro.

Ser uma organização que aprende vai além de oferecer treinamentos – é transformar a aprendizagem em um elemento central da cultura e da estratégia de negócios. Na MC, esse compromisso se traduz em um ecossistema forte, com 15 academias e um portfólio de 20 competências essenciais que preparam as equipes para um ambiente em constante mudança. O programa “Eu Escolho Aprender” é voltado para upskilling e reskilling, abordando competências do futuro, incluindo a empatia, no projeto “Cá Dentro”. Em entrevista à Human Resources, Catarina Oliveira Fernandes, Líder da Área de Aprendizagem, Desenvolvimento e Inclusão, detalha como essa visão se concretiza em ações práticas, os resultados alcançados e os desafios futuros em um setor em constante transformação.

Como se posiciona a Sonae MC como uma Learning Organization? Quais são as implicações práticas para a empresa e seus colaboradores?

A MC sempre se viu como uma organização que aprende, focada em desenvolver o potencial máximo de seus colaboradores. Sua estratégia é fundamentada em três pilares – conteúdos relevantes, cultura de autoaprendizagem e foco na experiência do usuário – e se concretiza em um ecossistema educacional com 15 academias e um portfólio de 20 competências essenciais para o futuro, no programa “Eu Escolho Aprender”. Dentre essas competências, destacam-se liderança, business analytics, programação e empatia.

A empresa é uma das raras em Portugal a contar com um Centro Qualifica, onde já certificou mais de 1600 colaboradores, além de investir em plataformas digitais e conteúdos de aprendizagem autônoma com curadoria de parceiros externos. A digitalização dos processos de formação, a ferramenta de gestão integrada e o aplicativo Better Together potencializam a eficiência e o engajamento. Com mais de 40 mil colaboradores, parcerias com universidades e programas de mentoring, a MC se firmou como uma verdadeira escola, onde aprender é parte da cultura.

Como foram identificadas cerca de 20 competências cruciais para o futuro e como elas se alinham à estratégia de negócios?

No planejamento estratégico de pessoas, o programa “Eu Escolho Aprender” foi criado para identificar competências futuras relevantes para a estratégia da empresa. Um dos resultados foi um portfólio que combina competências digitais e tecnológicas com competências socioemocionais e cognitivas, destacando a empatia. Acreditamos que o futuro exigirá todas essas competências; algumas nos dotam de pensamento crítico e compreensão do novo mundo, enquanto outras se tornam uma vantagem competitiva. É inevitável que o futuro seja moldado por algoritmos, mas a capacidade de comunicar, estabelecer relações de confiança e demonstrar empatia será um fator essencial e estratégico.

Por que a empatia foi escolhida como uma competência crítica para a organização e como se torna diferenciadora no setor de varejo?

A empatia é uma das competências mais importantes, tanto no presente quanto no futuro, e é fundamental em todos os setores. No entanto, em um setor tão competitivo como o varejo, o grande diferencial continua sendo o fator humano. Assim, a MC começou a desenvolver o “Cá Dentro”, um projeto voltado para a transformação cultural em torno da empatia.

Acreditamos que o programa “Cá Dentro” promove bem-estar, pertencimento e colaboração, tendo um impacto positivo na construção de relacionamentos e experiências com nossos clientes. Para isso, trabalhamos em três dimensões: Eu; Equipa e Cliente, utilizando um mix de formação presencial, conteúdos online como o Bairro da Empatia, uma série humorística que incentiva comportamentos empáticos, e elementos de gamificação. Além disso, temos uma estratégia de comunicação que valoriza comportamentos empáticos e dá voz a colaboradores e clientes, que compartilham suas experiências positivas, gerando um efeito multiplicador.

Este projeto tem surpreendido pela adesão, pelos resultados e pelo feedback unânime sobre seus efeitos individuais e coletivos.

Vocês já formaram mais de 10 000 colaboradores nesta área e têm a meta de alcançar 24 000 até novembro. Quais desafios e oportunidades essa escala de formação representa?

Na verdade, já superamos 16 000 pessoas em menos de seis meses desde o início do projeto, e o feedback qualitativo e quantitativo das operações tem sido muito positivo. Começamos o projeto nas insígnias Continente, Continente Modelo e Continente Bom Dia e, dado o retorno favorável, antecipamos a expansão do projeto para as marcas NOTE, ZU, Cozinha Continente e Bagga ainda este ano, ampliando assim nossa ambição.

Como o sucesso das formações é medido? Quais indicadores ou feedback são utilizados para avaliar a evolução dos colaboradores?

Ao falarmos sobre formação, muitas vezes nos deparamos com dados como a participação, número de colaboradores impactados ou horas de treinamento. Embora essas informações sejam importantes e precisem ser monitoradas, não revelam o impacto que buscamos. Portanto, definimos um conjunto de indicadores específicos associados a cada uma das dimensões abordadas (EU, Equipa e Cliente), que acompanham ferramentas como eNPS e satisfação do cliente de forma periódica e integrada com os objetivos do negócio.

A digitalização é uma competência transversal apontada como estratégica. Qual o papel das ferramentas tecnológicas no processo de aprendizagem contínua da MC?

Competências digitais e tecnológicas, como a análise de dados e a literacia digital, são essenciais para a compreensão do novo mundo e para dotar os colaboradores de pensamento crítico. No programa “Eu Escolho Aprender”, desenvolvemos um módulo de business analytics focado no processamento e interpretação de informações complexas, bem como na análise avançada de dados e competências matemáticas, que abrangem mais de 900 colaboradores em diferentes níveis de proficiência. No ano passado, criamos um módulo específico e estratégico para líderes, resultando em 16 casos de negócios.

Qual é o envolvimento das lideranças nesse processo? Os gestores também participam de programas específicos para desenvolver empatia e outras competências críticas?

As lideranças desempenham um papel fundamental em qualquer processo. Especialmente na área da empatia, todos os colaboradores das operações estão sendo impactados, e as lideranças também foram treinadas para atuar como formadores, dado seu papel crucial na sustentabilidade do movimento. No que se refere a business analytics, um módulo específico foi desenvolvido para líderes.

Ademais, a liderança, por si só, é uma competência crucial que estamos reforçando, e temos aprimorado a oferta de treinamentos para diferentes níveis da organização, começando pelo programa de futuros líderes, que tem preparado novas lideranças no varejo e já formou mais de 225 novos líderes nos últimos três anos.

Em um contexto de alta rotatividade no varejo, como a empresa garante a continuidade e a consolidação dessas aprendizagens nas operações diárias?

A formação deve ser acompanhada por um processo de gestão de mudanças e sustentabilidade. No caso da empatia, isso é assegurado por meio de uma variedade de ações. O programa, com duração de dois anos, combina metodologias presenciais, online e gamificação, integrando um plano de iniciativas simples e de fácil implementação nas lojas que reforçam comportamentos nas três dimensões definidas.

Entre as ações destacam-se reconhecimentos individuais, como “Apanhei-te a fazer bem”, valorização da experiência do cliente e promoção da colaboração. O programa também é apoiado por um plano de comunicação em um tom próximo e autêntico, centrado em histórias reais de colaboradores e clientes, compartilhadas na plataforma “Cá Dentro”.

O fato de o programa incluir simultaneamente todos os colaboradores das lojas gera um impacto transformador. Em 2026, haverá uma expansão para as demais insígnias, assim como para as estruturas centrais e logísticas.

Olha para o futuro: quais são as próximas prioridades da MC em desenvolvimento de habilidades e formação contínua?

Os desafios são sempre muitos, dado o dinamismo da realidade! Especificamente, além das competências futuras e necessidades identificadas, há um ponto incontornável: investir em formação em inteligência artificial para diversas camadas organizacionais e em diferentes níveis de proficiência. Além disso, no curto prazo, temos ainda o objetivo de finalizarmos o programa de empatia e de reforçar a oferta de liderança em múltiplos níveis.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Academias de Formação”, publicado na edição de Outubro (nº. 178) da Human Resources.

Disponível nas bancas e online, naversão impressa e naversão digital.

Exit mobile version
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.

Strictly Necessary Cookies

Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.