Por Vítor Silva, vice-presidente de Operações Near & Offshore da Foundever na região de EMEA

A disrupção, a aceleração tecnológica e as expectativas crescentes dos clientes estão a transformar o cenário empresarial. Manter equipas motivadas, ágeis e focadas tornou-se não apenas um desafio, mas uma prioridade estratégica. É aqui que o conceito de rebadging se torna relevante, surgindo como uma solução que permite às organizações reduzir custos operacionais, garantir continuidade e, ao mesmo tempo, reter talento e conhecimento interno.

O conceito é simples, mas impactante: numa colaboração com um fornecedor de serviços de outsourcing, os colaboradores são transferidos para a estrutura do parceiro, continuando a exercer funções e responsabilidades semelhantes, sem interrupção no serviço nem perda de identidade profissional. Este modelo permite que as empresas eliminem custos fixos, partilhem riscos e beneficiem da experiência, tecnologia e metodologias do parceiro, assegurando que as pessoas certas permanecem nas posições adequadas.

Mais do que uma simples “troca de crachá”, o rebadging representa uma verdadeira oportunidade de transformação organizacional. Casos de sucesso mencionados no recente relatório (Rebadging: Unlocking workforce flexibility & cost efficiency) ilustram isso, como o de uma fintech global que, ao transferir mais de 500 colaboradores para a equipa da Foundever, conseguiu reduzir custos operacionais em 30% e aumentar a eficiência em 20% em um período de dois anos e meio. Esta transição foi viável graças a um planejamento detalhado, à criação de operações sombra para mitigar riscos, à gestão cuidadosa do desgaste e a um investimento claro em formação e desenvolvimento das equipas.

Outro exemplo significativo é o de uma operadora de telecomunicações com uma equipa de vendas altamente eficaz que, diante da necessidade de realocação e reorganização, optou por um processo de rebadging. Em apenas oito semanas, foi possível garantir a transição sem comprometer os resultados, preservar a motivação da equipa e até superar recordes de vendas, tudo isso enquanto se mantinha o foco na experiência do cliente e na estabilidade da operação.

Contudo, o sucesso do rebadging não depende apenas do processo em si, mas, sobretudo, do parceiro de outsourcing selecionado. Este parceiro é responsável por assegurar a conformidade legal da transição, implementar planos de comunicação claros e consistentes, garantir formação contínua e antecipar riscos, tanto operacionais quanto de reputação. Um bom parceiro também acompanha as redes sociais e a imprensa, gerindo a narrativa da mudança e oferecendo um ponto único de contato que elimina ruídos e ambiguidades em momentos críticos.

Com o avanço da inteligência artificial, automação e novos modelos de trabalho, as empresas necessitam de soluções que equilibrem inovação com proximidade, eficiência com cuidado com as pessoas. Quando bem executado, esse processo proporciona exatamente isso: transformar com continuidade, inovar sem perder conhecimento e crescer com base numa cultura de confiança e evolução.

Embora existam poucos dados específicos sobre a implementação de rebadging em Portugal, a combinação de uma elevada taxa de outsourcing e um mercado de TI dinâmico sugere que este processo se apresenta como uma solução estratégica para muitas organizações no país.

As empresas enfrentam atualmente pressões crescentes para reduzir custos sem comprometer qualidade ou talento, e o rebadging pode revelar-se uma solução estratégica que equilibra eficiência com continuidade. Quando bem planejado e executado, este modelo permite adaptar estruturas, preservar o conhecimento interno e criar condições para que as equipas evoluam com estabilidade. É uma abordagem que requer visão de longo prazo, sensibilidade na gestão de pessoas e, acima de tudo, coragem para transformar sem perder o que realmente importa.

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