A OCDE prevê que o crescimento da economia portuguesa acelere em 2026, passando de 1,9% em 2025 para 2,2% no próximo ano, seguido de uma desaceleração em 2027 para 1,8%.
Estas projeções fazem parte do relatório de Perspectivas Económicas, divulgado em Paris pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que também indica um abrandamento da economia mundial e da zona euro.
No que diz respeito a Portugal, «o crescimento sustentado dos salários e a robustez do emprego irão aumentar o consumo, especialmente porque a inflação e os custos do serviço da dívida deverão permanecer moderados» e, simultaneamente, as reduções no IRS e o aumento dos salários «irão apoiar os rendimentos das famílias, mas também contribuir para um abrandamento na descida da inflação».
«Uma nova diminuição da taxa de poupança das famílias e um aumento salarial mais acentuado do que o esperado poderão impulsionar o consumo, mas também pressionar a inflação. Gastos públicos superiores ao previsto, particularmente na Defesa, poderão também elevar a procura interna», adverte a OCDE.
Por outro lado, apesar de prever uma aceleração da atividade económica em 2026, a organização alerta que «a diminuição dos desembolsos do financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e a elevada incerteza poderão impactar o investimento, resultando num crescimento inferior [ao atualmente projetado] e numa inflação mais baixa».
Os fundos europeus «irão impulsionar temporariamente o investimento, mas a desaceleração da procura externa afetará as exportações», esclarece.
O mercado de trabalho, o aumento do salário mínimo e a redução do IRS, segundo a OCDE, «deverão apoiar o consumo privado». Paralelamente, a organização indica que o aumento dos pagamentos do PRR contribuirá para «um maior investimento público em 2026».
«O crescimento das exportações permanecerá moderado, refletindo a fraca procura externa em um contexto de aumento das tarifas dos Estados Unidos e elevada incerteza. Com a procura por mão-de-obra a continuar forte, a inflação moderar-se-á apenas lentamente para 2,0% em 2027», antecipa a OCDE.
«A prudência orçamental e as reformas estruturais são cruciais para sustentar o crescimento e manter a dívida pública num caminho de redução consistente», considera a organização, que defende que, «a médio prazo, conter as pressões de despesas associadas ao envelhecimento e reduzir despesas fiscais ineficientes criaria espaço para os investimentos públicos essenciais para aumentar a produtividade».
No mesmo relatório, a OCDE prevê que o crescimento do PIB mundial diminua de 3,2% em 2025 para 2,9% em 2026, com a atividade económica a enfrentar “perspectivas frágeis”, seguindo-se uma “pequena recuperação” para 3,1% em 2027.
O crescimento da zona euro «deverá abrandar ligeiramente, passando de 1,3% em 2025 para 1,2% em 2026, antes de subir para 1,4% em 2027, com o aumento das tensões comerciais a ser compensado pela melhoria das condições financeiras, pelos gastos de capital contínuos dos fundos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, e pela resiliência dos mercados de trabalho», indica a OCDE.
