O consórcio AVAN Norte, encarregado do desenvolvimento da linha de alta velocidade entre Porto e Soure, propôs alterações significativas ao projeto original para o concelho de Gaia. Uma das principais mudanças é a nova localização da estação, que será deslocada para sul do nó rodoviário de Santo Ovídio, além da construção de duas pontes separadas sobre o Douro – uma para a via ferroviária e outra para a rodoviária – em vez da ponte rodoferroviária inicialmente prevista.
De acordo com Eduardo Pimentel, administrador do consórcio, citado pelo Porto Canal, a nova estação ficará à superfície, “nas proximidades do nó de Santo Ovídio da A1, mas ao sul deste”. Apesar da mudança, ele afirma que a estação continuará a estar dentro da União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, a qual deverá ser desagregada após as próximas eleições autárquicas.
A proposta foi elaborada após a aquisição de terrenos na área conhecida como Guardal de Cima, em Vilar do Paraíso, embora o consórcio não confirme oficialmente esta localização. Também não foi esclarecido se haverá financiamento para conectar a nova estação ao Metro do Porto; em abril, apenas foi mencionada a Linha Rubi como uma solução possível, com outras alternativas ainda pendentes de confirmação.
Estação mais distante do centro e travessias separadas
Outra modificação importante refere-se à travessia do Douro. O consórcio agora defende a separação das funções ferroviária e rodoviária, mantendo dois tabuleiros em diferentes cotas, mas construídos como “estruturas independentes”. Essa abordagem contrasta com o que estava previsto no projeto adjudicado, que previa uma única ponte com funções mistas.
As mudanças foram apresentadas pela primeira vez em abril numa reunião da Câmara Municipal de Gaia. Na oportunidade, Rui Guimarães, outro administrador do consórcio, pediu que não se referisse à proposta como uma alternativa, enfatizando que “isto é uma evolução do projeto”, o que é importante em termos formais e jurídicos.
Jorge Rodrigues, outro representante do consórcio, destacou a necessidade de apoio político para viabilizar a proposta junto das entidades competentes, afirmando que “vamos todos para a IP, vamos para a APA, para que eles possam aprovar este tipo de soluções, referindo-me especialmente à estação”.
A proposta foi aprovada pelo executivo municipal, com o apoio do PS e a oposição do PSD. Na Assembleia Municipal, a Iniciativa Liberal votou contra e a CDU absteve-se.
Embora as novas soluções tenham sido defendidas como uma “evolução” do projeto, tanto o caderno de encargos quanto o Plano Ferroviário Nacional ainda preveem uma estação subterrânea em Santo Ovídio, interligada à Linha Amarela do Metro. O documento contratual menciona a localização da estação 17 vezes e inclui plantas mostrando sua implantação próxima à atual estação de metro D. João II. Além disso, o caderno de encargos estipula que a solução proposta deve respeitar os programas preliminares definidos para as estações de Campanhã e Santo Ovídio.
No dia 16 de abril, o Governo reiterou que qualquer alteração “deve ser plenamente salvaguardada do ponto de vista legal, estar em total conformidade com os requisitos do caderno de encargos e assegurar o acordo dos municípios”. O Executivo lembrou que a proposta vencedora, apresentada na época pelo consórcio LusoLAV, estava de acordo com o anteprojeto da Infraestruturas de Portugal.