Por Carlos Sezões, ManagingPartner da Darefy – Leadership & Change Builders
A eficácia da equipa é uma das principais prioridades para qualquer CEO ou gestor sênior. A força de uma equipa executiva é crucial para o sucesso de uma empresa num mercado altamente competitivo. Uma equipa bem estruturada vai além da mera gestão de direções ou departamentos; ela traça a estratégia, impulsiona a cultura e, cada vez mais, assegura a adaptabilidade frente às mudanças do ambiente competitivo. Para construir uma equipa executiva capaz de atender a essas exigências, é necessário prestar atenção a critérios e dinâmicas específicas que distinguem um grupo de indivíduos de um verdadeiro “motor” de liderança. Em um workshop recente com uma equipa de gestão, discuti algumas das variáveis-chave para desenvolver uma equipa apta a enfrentar os desafios atuais de incerteza. A seguir, destaco as mais relevantes.
A confiança é o pilar fundamental. Sem ela, os executivos tendem a operar em “silos”, protegendo seu “território” e evitando debates francos e transparentes, que muitas vezes são necessários para uma boa tomada de decisão. Uma equipa de alto desempenho cria um ambiente de segurança psicológica, onde os líderes podem expressar divergências sem receio de consequências e onde a responsabilidade é compartilhada, e não evitada.
Outro fator crucial é o equilíbrio de competências. Uma equipa executiva eficaz combina expertises complementares, em vez de se concentrar em uma única dimensão. Um CEO visionário precisa do contrapeso de um CFO com disciplina financeira, assim como um líder inovador de marketing ou vendas se beneficia da influência essencial de um COO focado nas operações e na logística. O importante não é apenas agrupar currículos sólidos, mas assegurar que os pontos fortes e fracos se equilibram para formar uma unidade de liderança coesa. Nesse aspecto, a diversidade de pensamento e formação é enriquecedora. Quando os líderes vêm de setores, culturas e experiências profissionais diferentes, trazem perspectivas que evitam o “pensamento de grupo” e abrem caminho para soluções inovadoras.
O alinhamento estratégico é igualmente importante. Mesmo os executivos mais talentosos não alcançarão suas metas sem um entendimento comum das prioridades e direções da empresa. Alinhamento não significa que todos concordem em todos os detalhes, mas sim que a equipa está comprometida com a visão, a estratégia e os objetivos de longo prazo, e disposta a fazer concessões em favor desses objetivos.
A governança e a forma como as decisões são tomadas também influenciam a eficácia. Equipas fortes agem com rapidez e precisão, estabelecendo processos claros que informam como a informação crítica será coletada e gerida, quem tem autoridade em diferentes situações e como as decisões serão comunicadas. Isso evita a “paralisia organizacional” e reduz o risco de agendas pessoais obscurecerem o julgamento e a tomada de decisão.
Uma boa equipa executiva também é flexível. As variáveis de hoje podem mudar amanhã. As melhores equipas possuem resiliência para absorver reversões, autodisciplina para reavaliar estratégias quando as condições mudam e agilidade para alterar direções sem perder o foco.
Por fim, uma dimensão crítica é a cultura. Os executivos definem o “tom” de toda a organização e atuam como “embaixadores” e “curadores” da cultura corporativa. As chefias intermédias e os demais colaboradores observam atentamente os líderes e ajustam seu comportamento com base no que veem no topo. Se a equipa executiva demonstrar integridade, colaboração e responsabilidade, esses valores se espalham pela empresa. Se a equipa for fragmentada, egoísta ou inconsistente, a cultura refletirá essa dissonância.
Em resumo, em tempos de volatilidade e incerteza, construir uma grande equipa executiva envolve muito mais do que preencher cargos. Trata-se de reunir um grupo de líderes que se complementam, se alinham em torno de uma visão compartilhada, confiam e desafiam mutuamente e permanecem resilientes sob pressão.