O Estudo de Transparência Salarial 2025 da Aon revela que 86% das empresas em Portugal ainda não estão preparadas para cumprir os requisitos da Diretiva Europeia de Transparência Salarial, que deverá ser integrada na legislação nacional até junho de 2026.
Ao analisar os resultados a nível europeu e global, Portugal apresenta um valor semelhante à média europeia (87%) e ligeiramente superior à média global (81%).
Em relação à abordagem reativa das organizações à transparência salarial, o estudo aponta que apenas 14% das organizações em Portugal afirmam estar preparadas, alinhando-se com a análise a nível europeu (13%) e ficando abaixo da média global (19%). Por outro lado, 58% das organizações nacionais encontram-se ainda em fase de preparação, em comparação com 63% na Europa e 58% no mundo.
No que diz respeito à equidade salarial, apenas 18% das organizações em Portugal realizaram uma avaliação independente nos últimos 12 a 18 meses, o que é inferior à média europeia (24%) e à global (26%). Importa destacar que 8% das empresas em Portugal nunca realizaram tal avaliação, enquanto na Europa esse percentual é de 13% e no mercado global de 12%.
Além das avaliações independentes, foram identificadas desigualdades que necessitam de intervenção, como revisões anuais ou controles adicionais nos processos de recrutamento, com Portugal a apresentar 70%, a Europa 75% e o nível global 77%.
Considerando a comunicação como um pilar essencial neste processo, o estudo revela que apenas 22% das organizações em Portugal desenvolveram uma estratégia específica para a transparência salarial. Destas, mais da metade (55%) oferece formação para gestores de equipe e 55% possui um plano geral para esclarecer o tema a todos os colaboradores. Contudo, a maioria, 78%, ainda não dispõe de uma estratégia de comunicação formal, e 43% não definiu um calendário ou um plano interno de reporte.
A Diretiva Europeia de Transparência Salarial aplica-se somente a países da UE, mas as multinacionais com colaboradores na Europa também terão que cumprir as mesmas regras para esses trabalhadores. Com a transposição da diretiva, será exigida a comunicação das disparidades salariais entre homens e mulheres a partir de 2027, e, neste sentido, as organizações devem agir agora para construir estruturas robustas, apoiadas em dados, que assegurem não apenas o cumprimento legal, mas também a credibilidade e a sustentabilidade de sua posição perante colaboradores e sociedade.
O Global Pay Transparency Study 2025 foi realizado globalmente e recebeu 1427 respostas, das quais 401 são da Europa e 51 de Portugal, abrangendo vários setores de atividade. O estudo avaliou três dimensões críticas: estratégia de transparência salarial; equidade salarial; e comunicação/governança.
