A literacia em saúde é atualmente reconhecida como um dos principais fatores que influenciam a gestão da saúde por parte de cada indivíduo. No caso da Doença Renal Crónica (DRC), uma condição que muitas vezes é complexa e silenciosa nos estágios iniciais, esta literacia assume um papel fundamental para garantir uma melhor qualidade de vida.
A Organização Mundial da Saúde define a literacia em saúde como a capacidade de aceder, compreender, avaliar e aplicar informações de saúde para tomar decisões informadas. Estudos recentes, incluindo um realizado em clínicas de hemodiálise em Portugal, demonstram que a maioria das pessoas com DRC apresenta níveis limitados de literacia em saúde; 74% dos doentes estudados relataram dificuldades em compreender e utilizar informações relevantes sobre a sua condição.
Essa limitação traz consequências significativas: dificuldades em seguir os tratamentos, menor adesão à medicação, falhas na prevenção de complicações e maior dependência dos serviços de saúde. Em contrapartida, pessoas com maior literacia em saúde demonstram mais autonomia, conseguem comunicar de forma mais eficaz com os profissionais, participam ativamente nas decisões sobre o seu tratamento e enfrentam os desafios do dia a dia de maneira mais eficiente.
É importante ressaltar que a responsabilidade de melhorar a literacia em saúde não recai apenas sobre o doente. Profissionais de saúde, instituições e a sociedade como um todo têm o dever de criar condições que garantam que a informação seja clara, acessível e adaptada às necessidades de cada pessoa. Isso inclui o uso de linguagem simples nas consultas e materiais informativos, a inclusão de doentes e suas famílias na explicação do plano terapêutico, a promoção de sessões educativas regulares nas unidades de hemodiálise e o incentivo ao uso de ferramentas digitais que apoiem a saúde.
É essencial que continuemos a trabalhar diariamente para colocar a literacia em saúde no centro dos cuidados. Cada doente, devidamente informado e apoiado, é capaz de assumir um papel ativo na sua saúde, o que se traduz em mais segurança, melhores resultados clínicos e uma maior qualidade de vida.
Neste Dia Internacional da Literacia em Saúde, fazemos um apelo: reforçar a literacia em saúde é investir em pessoas mais capacitadas, comunidades mais saudáveis e sistemas de saúde mais sustentáveis.
Artigo escrito por Abílio Silva, Clinical Services Specialist North and Center na DaVita Portugal