Uma equipe de cientistas desenvolveu um modelo de inteligência artificial (IA) capaz de prever o risco de surgimento de mais de 1.000 doenças com décadas de antecedência, conforme noticiou a agência EFE na quarta-feira.
“Este é um passo importante para abordagens mais personalizadas e preventivas para a saúde”, afirmou Ewan Birney, diretor executivo do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL), na Alemanha.
O modelo de IA, chamado Delphi-2M, consegue prever o risco e o momento em que uma doença pode aparecer com base no histórico do paciente. Este modelo foi desenvolvido por cientistas do EMBL, do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer (DKFZ) e da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.
Segundo os cientistas, o modelo é eficaz para condições que apresentam padrões de progressão claros e consistentes, como certos tipos de câncer, ataques cardíacos e sépsis (infecções sanguíneas).
Por outro lado, o Delphi-2M é menos confiável para distúrbios de saúde mental ou complicações relacionadas à gravidez, que dependem de eventos de vida imprevisíveis.
A ferramenta pode ajudar a identificar pessoas em situação de risco elevado de doenças, orientar programas de rastreio (exames para detecção precoce de doenças em pessoas assintomáticas) e contribuir com o planejamento de saúde a longo prazo, de acordo com os cientistas.
O Delphi-2M foi capaz de simular trajetórias de saúde de até 20 anos para um paciente.
“O nosso modelo de IA é uma prova de conceito que demonstra que é possível para a IA aprender muitos dos nossos padrões de saúde de longo prazo e usar essa informação para gerar previsões significativas“, indicou Ewan Birney.
Esse modelo de IA conseguiu prever o aparecimento de doenças com uma precisão igual ou superior à de outras ferramentas.
“Ao modelar a forma como as doenças se desenvolvem ao longo do tempo, podemos começar a explorar quando surgem determinados riscos e a melhor forma de planejar intervenções precoces”, disse Ewan Birney.
Os cientistas alertaram que o modelo ainda não está pronto para uso clínico e que não deve ser utilizado para tomar decisões médicas diretas sem testes adicionais, destacando que o Delphi-2M oferece probabilidades.
Além disso, o modelo foi capaz de gerar dados sintéticos que protegem a privacidade do paciente, mas que continuam a ser úteis para treinar outros modelos de IA.
O Delphi-2M foi treinado com informações clínicas de 400.000 pessoas no Reino Unido e testado com dados de quase dois milhões de pessoas na Dinamarca.