A Câmara de Gondomar anunciou, nesta quarta-feira, 20 de agosto, a abertura do concurso público para a “limpeza, vedação e proteção do edificado” no Complexo Mineiro de São Pedro da Cova, preparando o caminho para o futuro “Parque Mineiro de São Pedro da Cova”. Este espaço será “multifuncional (cultural, desportivo, recreativo, regenerativo e produtivo)”, conforme indicado nos documentos publicados no Diário da República.
De acordo com informações do Porto Canal, o valor base do projeto é de 1.078.145,40 euros, abrangendo uma área de 22 mil metros quadrados na União das Freguesias de Gondomar (São Cosme), Valbom e Jovim, com um prazo máximo de execução de um ano. Nesta fase inicial, está prevista a desmatação e limpeza total da área, a vedação de todo o perímetro, pavimentação, escoramento de edifícios e recuperação do imóvel destinado a receção e galeria de exposições. O objetivo é garantir a “preservação e valorização do património cultural e natural do Complexo Mineiro de São Pedro da Cova”.
Património mineiro com futuro turístico
A proposta do concurso ressalta a visão da câmara municipal: “pretende-se que o local, que outrora foi um polo privado de extração mineira, se transforme num polo coletivo de fruição pública e num núcleo turístico dinamizador da região”. O complexo foi originalmente utilizado para a extração de carvão e ao longo dos anos contou com várias estruturas sociais que já não existem, como escola de adultos, cantina, cooperativa e campos desportivos. As estruturas remanescentes “são testemunho de uma imponente e significativa memória coletiva” que a câmara pretende recuperar e valorizar.
Reconhecido como um polo industrial entre os séculos XVIII e XX, São Pedro da Cova chegou a responder por cerca de 70% da produção nacional de eletricidade a partir do carvão. A região enfrentou um grave problema ambiental entre 2001 e 2002, quando resíduos industriais perigosos da Siderurgia Nacional foram depositados no local. A primeira grande operação de remoção ocorreu entre outubro de 2014 e maio de 2015, quando foram retiradas 105.600 toneladas; a segunda fase, inicialmente prevista para 2018 e adiada devido a contenciosos, avançou em 2020. Nesse ano, a câmara municipal anunciou a expropriação de 19 hectares, considerada de utilidade pública, enquanto o Fundo Ambiental destinou 12 milhões de euros à remoção total dos resíduos.
No local também se encontra o Cavalete do Poço de São Vicente, classificado como Monumento de Interesse Público desde março de 2010, uma peça central do património mineiro que Gondomar deseja estabilizar e devolver à comunidade. Esta primeira etapa visa garantir segurança, acesso controlado e condições apropriadas para a fase de requalificação subsequente.