Para os últimos três meses do ano, as intenções de contratação dos empregadores em Portugal permanecem positivas, embora apresentem uma desaceleração em relação a trimestres anteriores, com a Projeção para a Criação Líquida de Emprego a atingir +14%, conforme indicado no ManpowerGroup Employment Outlook Survey.
Este valor indica um aumento líquido de emprego, mas em desaceleração, com uma queda de dois pontos percentuais em comparação com o trimestre anterior e de seis pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.
Num total de 522 empresas portuguesas entrevistadas, 43% planejam manter o número atual de colaboradores, 34% desejam aumentar suas equipes e 21% preveem reduzi-las, mostrando que um número crescente de empresas quer estabilizar sua força de trabalho.
O estudo revela que empregadores de oito dos nove setores analisados esperam intenções de contratação positivas para o último trimestre do ano, com apenas o setor de Bens e Serviços de Consumo apresentando uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego negativa, indicando uma redução de emprego.
O setor de Serviços de Comunicação destaca-se como o mais otimista, com intenções de +38%, registrando um crescimento de 11 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. Com a mesma Projeção, o setor de Energia e Utilities também observa um aumento nas intenções de contratação, com um crescimento de quatro pontos percentuais em comparação ao trimestre passado. Apesar de um certo abrandamento nas prioridades de transformação energética, as empresas desse setor continuam a reforçar suas equipes com perfis verdes, bem como talentos para incentivar o crescimento do negócio.
Em seguida, está o setor de Tecnologias de Informação, que retoma uma trajetória de crescimento de emprego à medida que as empresas avançam em suas iniciativas de transformação digital. A Projeção para Criação Líquida de Emprego atinge +22%, três pontos percentuais acima do registrado de junho a setembro e nove pontos percentuais acima do verificado no mesmo período em 2024.
Os setores de Transportes, Logística e Automóvel e Saúde e Ciências da Vida mostram perspectivas de +14% e +13%, respectivamente. O primeiro apresenta uma estabilização em relação ao trimestre anterior, enquanto o segundo sofre uma considerável redução de 14 pontos percentuais.
As empresas dos setores de Indústria Pesada e Materiais e de Finanças e Imobiliário também mantêm intenções de contratação positivas, mas em desaceleração, com Projeções de +8% e +9%, respectivamente.
No setor de Finanças e Imobiliário, a queda é mais acentuada, com uma diminuição de 14 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior e de 19 pontos percentuais em comparação ao mesmo período de 2024, refletindo o impacto da incerteza da conjuntura econômica global.
Por fim, o setor de Bens e Serviços de Consumo apresenta a Projeção para a Criação Líquida de Emprego mais pessimista, com -9%, indicando quedas significativas de 18 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior e de 28 pontos percentuais em comparação com os mesmos meses do ano passado. Este cenário negativo é, em grande parte, atribuído ao aumento de tarifas dos Estados Unidos em subsetores como têxtil, bens de luxo e produtos alimentares.
Empregadores da Região Centro mostram maior dinamismo nas contratações, enquanto a Região Sul espera uma redução no número de trabalhadores
Quatro das cinco regiões de Portugal mostram intenções de contratação positivas para os meses de outubro a dezembro, com apenas a Região Sul apresentando uma Projeção negativa. Desde o último trimestre, o sentimento de contratação diminuiu em três regiões, número que aumenta para quatro quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado.
A região mais dinâmica para o último trimestre do ano é a Região Centro, com uma Projeção de +21%. Embora as expectativas tenham caído seis pontos percentuais desde o último trimestre, aumentaram dois pontos percentuais em relação ao quarto trimestre de 2024. A Grande Lisboa também melhora suas perspectivas de contratação em comparação ao trimestre passado, com uma Projeção de +19%, enquanto o Grande Porto apresenta um valor de +13%, embora isso represente uma desaceleração de oito pontos em relação aos três meses anteriores e o impacto das tarifas nesta região com forte presença industrial e exportadora.
Na Região Norte, os empregadores mantêm perspectivas positivas, mas menos otimistas, com Projeção de +10%. Já os empregadores da Região Sul preveem uma diminuição nas equipes, com uma Projeção negativa de -4%, associada à transição da alta temporada e a um certo abrandamento da atividade turística observado durante os meses de verão.
Grandes Empresas de mais de 5000 trabalhadores mostram resiliência perante a incerteza global, enquanto Microempresas acumulam segundo trimestre consecutivo de expectativas de redução líquida de emprego
Cinco das seis categorias de empresas analisadas apresentam previsões de contratação positivas para o último trimestre de 2025, mas apenas as Grandes Empresas de mais de 5000 funcionários parecem resistir aos efeitos do arrefecimento econômico e da incerteza global, com uma Projeção de +31%, marcando um crescimento substancial de 17 pontos percentuais em comparação ao terceiro trimestre do ano.
As Médias Empresas seguem com uma Projeção sólida de +25%, refletindo estabilidade em relação ao trimestre anterior, com um leve aumento de dois pontos percentuais, embora tenha havido um abrandamento de 12 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado. Tanto as Grandes Empresas de até 1000 trabalhadores quanto as de entre 1000 e 5000 trabalhadores apresentam intenções positivas de +11%, mas ambas refletem uma queda em relação ao trimestre anterior, de cinco e oito pontos percentuais, respectivamente.
As Pequenas Empresas mostram intenções cautelosamente otimistas, com +9%, mas enfrentam um considerável abrandamento de 15 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2024. Por fim, as Microempresas são as únicas a reportarem intenções de contratação negativas, com uma Projeção de -11%, acumulando assim o segundo trimestre de previsões de redução líquida de emprego.
Contexto de incerteza global persiste, levando a um abrandamento do crescimento do emprego em todo o mundo
Apesar de o mercado de trabalho global ainda apresentar sinais de resiliência, observa-se uma desaceleração na criação de empregos, com mais da metade dos países e territórios entrevistados relatando uma queda nas suas perspectivas em comparação com o último trimestre. De fato, há menos organizações planejando aumentar suas equipes (38% em relação a 40% no trimestre passado) e mais empregadores pretendendo manter o número atual de funcionários (45% em comparação a 42%).
<pNesse sentido, de outubro até o final do ano, a Projeção para Criação Líquida de Emprego global diminui um ponto percentual em relação ao último trimestre, fixando-se em +23%. Enquanto a América do Norte demonstra uma perda de força, com Projeção de +27%, três pontos percentuais abaixo do registrado no trimestre anterior, a Europa mantém-se estável, demonstrando uma maior resiliência, com valor de +18%, um ponto percentual a mais do que no trimestre anterior. Entretanto, as perspectivas de emprego nesta região continuam a ser as mais baixas entre todas as regiões globais analisadas.
Esses números revelam a Projeção mais baixa registrada na América do Norte em mais de quatro anos, desde o terceiro trimestre de 2021, quando também foi de +26%. O mercado de trabalho dos Estados Unidos, em particular, vive uma desaceleração nos últimos três meses, com a criação de empregos enfraquecendo, enquanto a Projeção para o próximo trimestre também revela uma desaceleração de três pontos percentuais, fixando-se em +28%.
Na região da Ásia-Pacífico e Médio Oriente, a Projeção para a Criação Líquida de Emprego mantém-se estável, com +28%, enquanto que na América do Sul e Central, os empregadores têm uma Projeção de +24%, apresentando uma diminuição de um ponto percentual em comparação ao último trimestre.
O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou 40.533 empregadores em 42 países e territórios. O próximo estudo será divulgado em dezembro de 2025 e trará as expectativas de contratação para o primeiro trimestre de 2026.