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António Salvador assumiu a presidência do Braga em 2003 e, ao longo destes 22 anos, a cidade dos Arcebispos viu muitas mudanças.
No início dos anos 90, o clube enfrentava dificuldades para evitar a descida de divisão, mas depois passou a ter alguns períodos de relativo sucesso sob a liderança de Manuel Cajuda e Jesualdo Ferreira.
O percurso de Jesualdo ocorreu já no novo século, onde competiu de igual para igual com os “grandes”, porém, nunca conseguiu ultrapassar o quarto lugar.
Foi com a liderança de António Salvador que o clube experimentou uma grande transformação. A melhoria nos plantéis e o aumento da competitividade, junto com o desenvolvimento das infraestruturas, como o novo estádio e a criação da Cidade Desportiva, onde as camadas jovens se desenvolvem para apoiar a equipa principal, tornaram o clube mais forte, sendo hoje reconhecido como o quarto grande português.
Essa evolução, no entanto, tem um objetivo maior: concretizar o sonho de António Salvador de tornar o Braga campeão nacional de futebol.
Após consolidar o projeto de se interpor entre os três “grandes”, superando alguns deles em várias ocasiões, como na temporada 2009/10, quando ficou à frente do FCPorto e do Sporting, alcançando a sua melhor classificação histórica: o segundo lugar, atrás apenas do campeão Benfica.
Desde então, o título tornou-se uma verdadeira obsessão para Salvador, que tem trabalhado com diversos treinadores na busca desse objetivo, mas sem sucesso.
Para tentar atingir essa meta, optou por uma aposta ousada e convicta em Carlos Vicens, um treinador espanhol desconhecido para a maioria dos adeptos portugueses, mas que havia sido auxiliar de Pep Guardiola no Manchester City.
Os investimentos e expectativas para esta temporada eram elevados. O Braga contratou jogadores de diversos campeonatos europeus, como o defesa internacional sueco Gustaf Lagerbielke, vindo do Celtic, e o austríaco Florian Grillitsch, que teve uma carreira de destaque na Bundesliga, especialmente no Hoffenheim.
Outro dos grandes investimentos foi a contratação do avançado espanhol Pau Lopez, vindo do Barcelona por 12 milhões de euros, além de também reforçar o mercado interno com a aquisição de Leonardo Lelo ao Casa Pia.
Vicens tem montado a equipa num 4-3-3, destacando neste início de temporada o uruguaio Rodrigo Zalazar, decisivo para várias vitórias do Braga já nesta época.
Após um apuramento natural para a fase de grupos da Liga Europa, o início do campeonato foi positivo. No entanto, em agosto, o Braga começou a atravessar uma má fase, resultando em uma sequência de seis jogos sem vencer, com quatro empates e duas derrotas, o que levou Carlos Vicens a enfrentar descontentamento por parte da torcida em uma das derrotas na Pedreira contra o Nacional.
Contudo, o último jogo sem vencer na Liga foi em Alvalade contra o bicampeão Sporting, o que ajudou a reduzir o descontentamento em relação ao técnico espanhol. Em contrapartida, na esfera europeia, a temporada tem sido bastante positiva, com os arsenalistas já acumulando duas vitórias em dois jogos na fase de grupos da Liga Europa.
No que diz respeito à pergunta que deu origem a este artigo, acredito que Carlos Vicens possui espaço para se reerguer à frente do Braga. É possível que ele ainda esteja a adaptar-se ao estilo do futebol português, o que naturalmente exige tempo, um recurso que muitos dirigentes não têm, especialmente Salvador, que despede treinadores com frequência.
No entanto, tendo em conta o forte investimento do início da época, penso que o presidente Salvador concederá mais tempo ao treinador espanhol. Estou confiante de que esta fase negativa no campeonato possa ser superada e que a equipa retome o bom caminho mostrado no início da Liga.
Acredito que a equipa está mais reforçada em comparação com o ano passado e possui todas as condições, sob a orientação de Vicens, para voltar a intervir entre os “grandes”.
Nos últimos anos, os bracarenses têm mostrado que podem alcançar o título, mas existe sempre uma fase na segunda volta do campeonato em que a equipa tem um desempenho abaixo do esperado, resultando em resultados que dificultam a sua ascensão na classificação.
É provavelmente esse fenômeno que tanto o treinador quanto o presidente desejam evitar, a fim de que, finalmente, o sonho de mais de duas décadas de António Salvador se torne realidade.
