Com o início do último trimestre do ano, é hora de olhar para o futuro e antecipar o que 2026 pode trazer para o setor da gastronomia e da restauração. Pensando nisso, as Edições do Gosto apresentam agora as 10 tendências que deverão marcar o próximo ano.
Desde 2021, a empresa liderada por Paulo Amado, especialista em produção de eventos, publicações e promoção nas áreas da gastronomia, alimentação e bebidas, tem revelado anualmente as “Tendências da Restauração”, um conjunto de previsões e diretrizes sobre os movimentos mais relevantes para o ano seguinte.
Conheça agora as 10 tendências da restauração que se espera que sejam destaque em 2026:
1. Directamente da Quinta
A conexão dos restaurantes com a terra está cada vez mais forte, e os produtores são escolhidos com rigor. As quintas que adotam boas práticas e práticas de agricultura regenerativa estão em evidência por garantirem ingredientes frescos e saborosos, cultivados de maneira sustentável e que respeitam a biodiversidade. Ao encurtar a distância entre o campo e a cozinha, os chefs garantem um abastecimento regular, diminuem a pegada ambiental e valorizam o ciclo alimentar, desde a saúde do solo até o prato.
2. O “novo” mundo dos vegetais
Embora os vegetais não sejam uma novidade, a forma como são vistos se transforma. Com o trabalho dos agricultores e a proximidade com os restaurantes, os chefs exploram a biodiversidade local, descobrindo uma riqueza de vegetais pouco explorados. Respeitando a sazonalidade e utilizando diversas técnicas, cada ingrediente é valorizado por seu sabor e textura. O resultado são pratos em que os vegetais ganham destaque, mesmo quando acompanhados de proteínas animais.
3. Social dining
A refeição noturna deixa de ser apenas isso e se transforma em um evento social. Supper clubs, pop-ups, experiências de compartilhamento de cozinhas e outros eventos gastronômicos proporcionam momentos de convívio, troca de ideias e networking. Servem como espaço seguro para experimentação, permitindo a testagem de conceitos, a criação de comunidade e o fortalecimento da relação com o público, enquanto oferecem aos participantes uma pausa na rotina. O foco em ter uma experiência gastronômica única é o que cativa.
4. Voltamos já
Após anos de crescimento acelerado e aberturas constantes, 2026 promete ser um ano de desaceleração e reformulação no setor, e nem todos os negócios conseguirão se manter. A saturação do mercado, o aumento dos custos operacionais e um consumidor mais consciente exigirão que os restaurantes fechem temporariamente para reavaliar seus modelos de negócio, otimizar operações e ajustar estratégias, tornando crucial a sustentabilidade econômica e a diferenciação de conceitos.
5. O pescado esquecido
Peixes das nossas águas, que outrora eram comuns nas receitas, mas que foram deixados de lado em favor de espécies consideradas mais nobres, estão voltando a ganhar destaque. A alta gastronomia os explora, revelando seu potencial em sabor, textura e versatilidade. Ao fazer isso, os chefs inovam em seus menus, diminuem a pressão sobre os peixes mais populares e fortalecem a conexão com a pesca local, atendendo a consumidores mais exigentes quanto à origem, qualidade e autenticidade dos produtos.
6. Cocktails + pratos
Os cocktails autorais estão em alta, unindo-se a pequenos pratos elaborados com rigor. Essa tendência redefine não apenas o momento do jantar, mas também a própria ideia de sair à noite, atendendo a clientes que buscam experiências flexíveis e informais, nas quais experimentar e compartilhar são fundamentais. Para bares e restaurantes, isso possibilita inovação, testes de combinações e atração de um público que valoriza a novidade e a interação sem a formalidade de uma refeição completa.
7. Ovos com berço
A rastreabilidade e a ética na produção de ovos estão se tornando cada vez mais importantes. Chefs e consumidores desejam saber como as galinhas são criadas, o que consomem e quem é o produtor. Essa atenção crescente reflete a busca por produtos de qualidade, responsabilidade ambiental e bem-estar animal. O uso de raças autóctones – Amarela, Branca, Pedrês Portuguesa e Preta Lusitânica – é valorizado, assegurando características únicas e reforçando a conexão com a tradição e o território.
8. A sandes contra-ataca
Estamos voltando ao essencial: o prazer de comer bem, sem complicações. As sandes se afastam do papel de meras refeições rápidas e se afirmam como uma proposta gastronômica significativa. Evoluem de snacks simples para pratos criativos, tornando-se um espaço de experimentação. Compostas de ingredientes de qualidade e combinações surpreendentes, elas ganham destaque nos menus e dão origem a novos negócios, atendendo à demanda por comida de qualidade, acessível e despretensiosa.
9. A experiência imersiva
O ato de comer pode também ser entretenimento: ir a um restaurante passa a ser uma experiência completa. Projetos que englobam todos os sentidos estão em ascensão, combinando narrativa, interatividade e tecnologia. Luz, som, projeções e aromas criam ambientes imersivos, onde cada prato é parte de uma história. Os restaurantes adotam essa abordagem para oferecer experiências mais envolventes e memoráveis, atraindo clientes que priorizam inovação e criatividade e que desejam se sentir parte do momento.
10. Chefes guardiões do oceano
Em 2026, os chefs vão elevar o mar como nunca antes, assumindo um papel ativo na preservação marinha. Em seus menus, apresentarão o melhor do oceano de maneira responsável. Atentos à preservação dos ecossistemas marinhos, promovem práticas de pesca sustentável em pratos que equilibram sabor e consciência ambiental. Na cozinha, inovam sem ultrapassar os limites dos recursos marinhos. À mesa, respondem ao consumidor mais consciente.
Em 2025, a iniciativa contou com a colaboração especial de um painel de 100 contribuições, cujas opiniões foram fundamentais para a elaboração desta lista de tendências – entre eles, cozinheiros/as, pasteleiros/as, padeiros/as, restauradores/as, sommeliers, bartenders, jornalistas, pesquisadores gastronômicos, formadores, produtores de eventos, entre outros profissionais.
O painel é formado por 50% homens e 50% mulheres. A região predominante é Lisboa (39%), seguida do Porto e Norte (29%), Centro (11%), Algarve (6%), Alentejo (8%), Madeira (3%) e Açores (4%). Em termos de áreas profissionais, destacam-se Cozinha (39%), Comunicação (20%), Pastelaria e Padaria, Sala e Vinho e Produção (todas com 7%), seguidas de Restauração (6%), Hotelaria e Ensino (ambas com 4%), Investigação e Conhecimento (3%), Ação Social (2%) e Bar (1%).