A Associação da Zona Industrial de São Caetano (Vila Nova de Gaia) informou que o consórcio AVAN Norte, encarregado do desenvolvimento e construção da futura Linha de Alta Velocidade (LAV), não elaborou qualquer projeto que contemplasse uma estação em Santo Ovídio, como era estipulado no contrato de concessão, tendo se concentrado apenas na alternativa em Vilar do Paraíso/São Caetano.
Conforme declarado pela associação, que teve duas reuniões com o consórcio, o AVAN Norte considera a proposta de Santo Ovídio “inoperável”, justificando essa escolha com “questões técnicas e financeiras” ligadas aos 13 quilómetros de túnel previstos e aos problemas de segurança que a construção de uma estação subterrânea a 60 metros de profundidade poderia acarretar.
O consórcio argumenta que, face ao atual contexto de prazos apertados e exigências de financiamento europeu, “ou se adota a solução de Vilar do Paraíso ou o projeto poderá ser comprometido”. Nesta alternativa, o terreno apresenta-se plano, permitindo uma estação à superfície, de maiores dimensões, e futura conexão com a Linha Amarela do Metro do Porto, promovendo a intermodalidade com outros meios de transporte.
Foi também acordada a formação de um grupo de trabalho, destinado a esclarecer pormenores do traçado e a estudar possíveis relocação de empresas afectadas pelas obras.
Associação solicita transparência e esclarecimentos sobre expropriações
Apesar das discussões, os empresários expressam que ainda permanecem “dúvidas críticas”. Eles demandam uma comparação objetiva entre o plano original e a nova proposta, explicações para a mudança, informações sobre o número de expropriações planejadas e os valores das compensações. Levantam também questões sobre “como é possível mudar o traçado sem um aditamento formal ao contrato” e “se o financiamento do Banco Europeu de Investimento poderá ser comprometido”.
O consórcio comunicou que a proposta foi apresentada à Infraestruturas de Portugal no dia 29 de setembro, cabendo agora à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) emitir a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) até 11 de dezembro de 2025. A associação ressalta, entretanto, que ainda não está claro se as câmaras municipais terão a oportunidade de se manifestar sobre o projeto antes ou após as próximas eleições autárquicas.
Nos últimos tempos, a associação tem se esforçado para sensibilizar as forças políticas e institucionais. Já se reuniu com representantes do PS, PCP, Iniciativa Liberal, BE+Livre, assim como com os candidatos à Câmara de Gaia, João Paulo Correia (PS) e Luís Filipe Menezes (PSD/CDS-PP/IL), que se mostraram dispostos a intervir caso sejam eleitos. Um encontro com o grupo parlamentar do Chega está agendado para 14 de outubro.
A associação também solicitou uma audiência ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, mas o pedido foi negado, justificando que, dadas as análises técnicas da IP e da APA em andamento, “não seria oportuno realizar uma reunião neste momento”.
“Para o funcionamento das empresas e a preservação dos postos de trabalho locais, estas respostas são fundamentais”, enfatiza a associação, solicitando transparência, diálogo público e uma reflexão cuidadosa em um projeto que “é estruturante para o futuro do país”.
