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O chefe da diplomacia ucraniana pediu apoio diplomático e político dos países africanos e do Brasil para pressionar a Rússia a parar com a guerra, apelando a uma “reação forte” e “medidas mais decisivas” da comunidade internacional contra Moscovo.
“A guerra está no nosso território. É por isso que também precisamos do vosso apoio. Apoio dos países africanos. Apoio diplomático, político […] votação nas plataformas das organizações internacionais,” disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andriy Sybiha, em declarações a jornalistas de países de língua portuguesa, convidados pelas autoridades ucranianas e europeias para visitar Kiev.
Além do apoio político e diplomático, o chefe da diplomacia ucraniana disse que seu país está interessado em desenvolver relações comerciais com parceiros em diferentes regiões, não só na Europa, mas também na África e com o Brasil, sublinhando que “um dia de guerra custa à Ucrânia 220 milhões de dólares.”
No entanto, Andriy Sybiha enumerou algumas “linhas vermelhas” que nunca aceitarão, nomeadamente “qualquer fórmula, qualquer iniciativa à custa da integridade territorial e da soberania ucraniana”, assim como “restrição” à sua política externa ou interna, ao exército e ao fornecimento de armamento ou munições pelos seus aliados.
“Nenhum país terceiro tem o direito de bloquear a nossa escolha de ser membro de qualquer aliança ou união […] é por isso que instamos todos os países a abordarem e pressionarem a Rússia a aceitar esta proposta incondicionalmente no que diz respeito ao cessar-fogo,” vincou.
Questionado sobre o que esperava particularmente do Brasil e do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia sublinhou que é muito importante assegurar que a Rússia não use os países membros do BRICS (inicialmente formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) “para legalizar as suas ações”, nem para afirmar que estes países estão contra a Ucrânia.
Andriy Sybiha disse esperar “que a voz do Brasil também contribua para aproximar a paz”, e adiantou que a Ucrânia estará presente na COP que se vai realizar este ano no Brasil, e irá convidar o Presidente brasileiro para visitar a Ucrânia.
“Agradecemos muito ao Presidente Lula, porque ele tenta lutar para fazer a negociação com a Rússia, pedimos para falar com Putin […] nós esperamos que ele continue da mesma maneira para organizarmos o encontro com o Presidente da Rússia e da Ucrânia,” disse o diplomata ucraniano.
A lógica ucraniana, acrescentou, é que, após o cessar-fogo, haja “uma oportunidade para negociações de paz mais amplas”.
O diplomata assegurou que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, “também está pronto para se encontrar com Putin em qualquer local,” menos em Moscovo, “para discutir as questões mais delicadas,” e afirmou que só uma reunião a esse nível “poderia acelerar os esforços de paz” e assegurar progressos.
“O Presidente Zelensky está pronto para esta reunião. Agora precisamos de pressionar a Rússia para aceitar esta proposta,” apelou, alertando que até ao momento “não há sinais de qualquer vontade ou intenção da Rússia de negociar seriamente,” optando, pelo contrário, “aumentar a sua operação ofensiva” contra civis para tentar “espalhar o pânico” entre o povo ucraniano.
O chefe da diplomacia apelou a “uma reação forte de todos os países para que a Rússia entenda claramente que não alcançará os seus objetivos na Ucrânia. Porque esta guerra não é sobre a Ucrânia.”
“Eles estão a ridicularizar os nossos esforços de paz, os esforços de paz da parte americana, dos nossos aliados,” disse.
Andriy Sybiha defendeu que os russos “estão a testar a reação da NATO, dos países ocidentais” e dos seus vizinhos, por isso insistiu na necessidade de uma “reaçãostrstrong> forte,” “mais sanções” e “medidas mais decisivas.”
“Propusemos aos nossos aliados ou países vizinhos que utilizassem os seus sistemas de defesa aérea para abater mísseis e drones sobre o território ucraniano. Estamos prontos para tal medida,” adiantou.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado, em ofensivas com drones (aeronaves não-tripuladas), alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
