O presidente do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV) dos Açores, Cláudio Lopes, afirmou nesta sexta-feira que o futuro do setor na região depende da promoção internacional, da valorização do enoturismo e da manutenção da “qualidade superior” dos produtos.
Em entrevista à agência Lusa, Lopes destacou que, em termos de expansão da área produtiva, o setor não deverá crescer “muito mais nos próximos anos”, em razão da crise de mão-de-obra.
“Considerando a forma como a vitivinicultura é praticada na nossa região, que se baseia essencialmente na mão-de-obra, com pouca introdução de tecnologia, o que precisamos é de qualificar e proporcionar segurança e condições de trabalho para aqueles que já atuam no setor, para que possam continuar”, afirmou.
O presidente ressaltou a importância da qualidade, reiterando que o objetivo do IVV dos Açores, sob sua liderança, é preservar a qualidade dos vinhos de alta gama que “possam competir com os melhores vinhos nacionais e que também tenham acesso a mercados internacionais”, além de “consolidá-los e, se possível, expandi-los”.
“Nós [Açores] somos muito pequenos no contexto vitivinícola nacional e vejo que precisamos necessariamente nos conectar ao motor de divulgação e promoção dos vinhos nacionais, que é a ViniPortugal”, reforçou.
Lopes informou que, na quinta-feira, teve uma reunião com o secretário regional da Agricultura e expressou a ambição de que os Açores “se conectem rapidamente à ViniPortugal, a principal e melhor plataforma para promover os vinhos nacionais no mercado internacional”.
Outra iniciativa para o setor é criar condições para o desenvolvimento do enoturismo.
<p“Temos nove ilhas, com uma rica herança cultural e uma forte tradição vitivinícola, […] o que representa um enorme potencial a ser explorado no enoturismo. Acredito que o enoturismo pode ser uma importante alavanca de sustentabilidade financeira e social para o setor, além de promover a coesão regional”, declarou.
Cláudio Lopes frisou que seus objetivos no cargo incluem promover os vinhos, desenvolver o enoturismo e “preservar a preocupação com a qualidade superior” dos produtos.
O IVV dos Açores foi criado em 2022, mas começou a operar efetivamente este ano, com os estatutos aprovados pelo Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) em fevereiro.
Em junho, o novo executivo designou a direção do IVV, liderada por Cláudio Lopes, cuja missão é garantir a regulação, fiscalização, certificação e promoção da produção vinícola açoriana, apoiando diretamente os produtores e contribuindo para a sustentabilidade e valorização da vinha e do vinho.
O presidente do IVV dos Açores informou que a nova entidade, com sede no município da Madalena, na ilha do Pico, ainda não está completamente instalada, prevendo que comece a operar plenamente “até meados ou finais de setembro”.
Ele afirmou que a missão será “exigente e estimulante”, esperando que o instituto venha a “prestigiar e dignificar” o setor vitivinícola regional e “auxiliá-lo na promoção em nível nacional e internacional”.
O arquipélago dos Açores conta com três regiões demarcadas para a produção de vinhos com Denominação de Origem (Pico, Graciosa e Biscoitos — ilha Terceira) e todas as ilhas estão sob a Indicação Geográfica Açores.